sexta-feira, 14 de abril de 2017

Vamos falar sobre os 13 porquês?


Olá você! Antes de começarmos já aviso que o post não contém spoilers além de citar os temas tratados na série. Mas se você é uma pessoa que não pode ouvir falar o nome da série ou livro que já tapa os ouvidos e começa a cantarolar com medo de que falem alguma coisa, por favor se retire. Obrigada.

Escrevo esse post logo após ter terminado de assistir a série. Não sou lá muito fã de seguir a onda e falar do que todo mundo tá falando, mas é impossível não comentar sobre essa série.
Eu li o livro quando estava no ensino médio, e isso foi a uns bons 5 anos. Confesso que a memória não é mais a mesma, principalmente porque naquela época eu não era a leitora fissurada que sou hoje em dia, então basicamente só lembrava do grosso da história, sem muitos detalhes. Mas eu sempre me lembrei do sentimento durante a leitura, que foi uma mix de desconforto, choque e tristeza. Sempre achei a história uma das mais fortes que já vi em livros, tanto pelo tema quando pelo modo como é tratada. Apesar disso, acho que não dei a bola necessária na época, tratei como mais uma leitura apenas. Era um livro bom e forte, mas nada que me fizesse ficar muito mal.
Com a série já foi diferente. Acho que ver a coisa ali, à cores, com rostos e pessoas deixa tudo mais real. Chorei horrores na fita do Clay, coisa que não fiz ao realizar a leitura. Acho que esse é um dos motivos que mais compensa assistir a série se você já leu o livro: dar vida a coisa toda, visualizar.

E agora que já contei um pouco da minha trajetória com os 13 porquês, vamos comentar sobre a série.
Acho muito legal e muito válido quererem levar a história pra reino cinematográfico. Foi uma das poucas adaptações que não pude fazer muitas reclamações além das que farei agora.
Aliás, minha principal reclamação é: a enrolação. Uma série de 13 episódios se tornou arrastada e enfadonha tantas vezes que não pude contar. O livro, com quase 300 páginas, parecia ser muito mais objetivo. Os episódios foram se arrastando e focando em cenas que achei desnecessárias. Ok, quiseram focar em todos, mostrar o sofrimento de quem ficou, o desespero de quem se sentia culpado. Mas meu Deus, podia agilizar um pouco uma coisa ou outra. Em alguns episódios senti que o foco principal - a Hannah - se perdeu. Acho que essa é uma coisa importante e que não podemos esquecer: a série trata sobre a Hannah, seu suicídio e seus motivos para tal. Os outros sofreram? Sim. Passaram por coisas fodidas na vida? Alguns sim. Mas o foco é a Hannah, não podemos esquecer isso, ela é a vítima, ela é a principal pessoa que precisava de ajuda, e esse arrastar e enfoque em outras coisas me fez sentir que ela se perdeu em alguns momentos.

A outra reclamação é quanto ao final, que é óbvio que não vou contar, mas ao contrário dos outros episódios que foram arrastados, ele foi rápido demais no que propunha. Foram deixadas diversas pontas soltas sem necessidade. Não sei se a intenção era a de deixar um gancho pra uma segunda temporada ou fazer como muitas histórias e deixar o final em aberto para o espectador decidir a sua maneira, mas eu achei um final bem ruim. Podia ser muito mais conclusivo, acho até que a Hannah merecia um fechamento melhor.

E agora vamos ao que todos estão falando, as cenas explícitas. Considero desnecessário? Sim, mas infelizmente são cenas que acontecem na vida real e acho até que é bom pra mostrar a realidade para as pessoas e dar uma sacudida. O ruim é que são 3 cenas explícitas com um gatilho enooorme e que podem ter causado mal a muitas pessoas que passaram ou passam por situações parecidas. Não vou negar que a série pode ajudar, até porque já estamos vendo por aí reportagens dizendo que o número de buscas por ajuda aumentou, mas não posso negar que a série também pode atrapalhar.
Tudo depende da interpretação de texto, o que é uma coisa bem falha na maioria das pessoas. Por vezes, o enredo e as conversas pareceram mostrar que o suicídio era uma escolha, que a pessoa quis isso do nada e não é bem assim. Suicidas estão doentes, estão com problemas e não veem outra solução a não ser essa. Não é uma opção, é a falta dela. Pessoas estupradas nem sempre são fortes o suficiente pra encarar aquilo, por vezes elas se culpam, entram em negação, elas precisam de ajuda. Por mais que a série queira passar uma mensagem de ajuda, com a interpretação errada ela pode passar o contrário.
O tema é muito complicado de se tratar, as pessoas no geral são muito complicadas de se tratar. Tudo sobre esse assunto é muito complicado.

Quanto a série em si, dou meus parabéns aos atores que fizeram belíssimos trabalhos. Todos são muito intensos em seus papeis e souberam trabalhar as situações. É uma série bem feita e que eu recomendo sim que seja vista, mas com a consciência de que é um assunto sério e que precisa ser discutido e pesquisado, não deve ser pautado apenas por 13 episódios de 50 minutos cada.

Quanto a editora que publica o livro, ela está moscando. A série é a coisa mais comentada (perdendo talvez pro BBB, mas haja confusão também né) desde seu lançamento e a editora não faz nada para alavancar a venda do livro? Como assim editora? Essa era sua chance. O livro é difícil de achar e absurdamente caro e isso é assim a um bom tempo. Como que não aproveita essa oportunidade? Olha quantos leitores teriam pra esse livro. Eu mesma não tenho um exemplar. Achei uma mancada grande.

Enfim, a série tem algumas coisas que poderiam ser melhoradas mas acho que valeu a experiência e espero que ela possa ajudar muitas e muitas pessoas. Se você já assistiu, espero que pare e reflita sobre tudo o que viu e repense suas atitudes. Você já praticou bullying? Você já viu alguém sendo alvo de bullying? Você fez alguma coisa pra mudar a situação? Pense nisso. Pequenas atitudes podem salvar a vida de uma pessoa.


Um comentário:

  1. Nath, concordo com seu ponto de vista. Alguns episódios eu adiantava para ver se acabava mais rápido, de tão arrastado que era, nas partes explícitas meu estômago embrulhou, mas era necessário. E sobre o final, realmente a parte da Hannah foi bem rápida, sem nada surpreendente, foi como um sopro.
    E uma coisa que vi um outro blog comentando e concordo, é que muitas pessoas sofrem com esse mal da Hannah também, querem tirar sua própria vida, então no final de cada episódio (ou apenas do último), poderiam colocar o número/site das corporações que ajudam pessoas que sofrem com bullying, ou querem cometer suicídio.
    E algo que achei que era o tema da série foi "vingança", a Hannah sofreu? E muito. Mas precisava ter graves consequências se todos não ouvissem as fitas? Acho que não.

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