Resenha: Angústia na Cidade do Caos - Lennon Lima

Título: Angústia na Cidade do Caos - Crônicas de uma era indecente
Autor (a): Lennon Lima
Gênero: Suspense
Editora: Multifoco
Ano: 2018
Páginas: 348
Compre: Editora Multifoco
Sinopse: E a Angústia veio a cair na Cidade do Caos. Revestida de carne humana e trajes civis. A carne, caucasiana. Os trajes, masculinos. O semblante? Banal.
Estirada no capinal costeiro a um cemitério clandestino, é descoberta pelo coveiro de uma comunidade miserável assolada pelo poder paralelo. Ferida, mas não ensanguentada. Confusa, mas sã. Preocupada, mas determinada…
Sem recursos, sem identidade, sem passado.
Acolhida na casa do jardim de cadáveres, inicia busca para desvendar os mistérios que envolvem o seu passado e a causa de se encontrar em ambiente tão árido – e perverso. Conforme testemunha fenômenos perturbadores ao interagir com os habitantes da favela, descobre-se em uma jornada que excede os limites do consenso de realidade, que desafiará a sua aptidão de permanecer imune aos silvos ardilosos da loucura…



Angústia na Cidade do Caos é um livro nacional que traz em seu enredo o jeito brasileiro de ser, seja no cotidiano representado ou nos diálogos cheios de gírias e costumes de fala.
O autor nos apresenta basicamente duas tramas que se ligam através de personagens em comum. De um lado temos Sebastião, um coveiro que encontra um jovem desacordado. Ao recobrar a consciência, o mesmo não sabe quem é, de onde veio ou o que aconteceu, e assim permanece por todo o livro, tentando descobrir o que está havendo e por que coisas tão estranhas andam acontecendo com ele/ao redor dele. De outro lado temos o cotidiano e história de Coronel Rodrigues, uma favela dividida e comandada por duas facções rivais, e que tem como chefes dois irmãos.

O enredo é narrado em terceira pessoa e traz uma "inovação": o narrador conversa com o leitor, a ponto de tentar nos trazer pra dentro da história, refletir e opinar. É um recurso interessante, que só não foi totalmente do meu agrado pelo tom de fala do narrador; por vezes, sentia que estava conversando com algum tipo de pessoa que eu não gosto (e parando pra pensar por esse lado, é um ponto para o autor, que faz com que o próprio narrador vire praticamente um personagem e tenha uma personalidade). Apesar de ser de fácil leitura, Lennon tem uma escrita um pouco mais rebuscada e, para mim, peca ao dar detalhes demais quando não é realmente necessário. O autor nos deixa no escuro quanto ao personagem principal, o menino que não sabem quem/o que é e o que está acontecendo, mas em compensação, gasta parágrafos e mais parágrafos com descrições de cenário, personagens e acontecimentos que eu considerei desnecessários à meu aproveitamento. Diversas vezes acabei achando a leitura chata por conta disso.

O autor levanta pontos interessantes através de simples acontecimentos e diálogos, faz questionamentos e críticas e convida o leitor a refletir. É um ficção diferenciada, afinal traz um quê de sobrenatural sem explicação no meio da trama, sem deixar de tratar a rotina normal dos moradores da favela. No final, temos uma reviravolta que me pegou de surpresa e me deixou um pouco curiosa sobre o destino dos personagens. Aliás, a história da favela de C.F. não termina aqui, sendo necessário esperar a continuação.

A edição da Multifoco é simples, mas bem feita, possui folhas brancas, boa fonte e uma capa abstrata.