terça-feira, 22 de outubro de 2019

Resenha: Vozes do Joelma

Título: Vozes do Joelma
Autor (a): Marcos Debrito, Marcus Barcelos, Rodrigo de Oliveira, Victor Bonini e apresentação de Tiago Toy.
Gênero: Terror
Editora: Fato Editorial
Ano: 2019
Páginas: 288
Avaliação: ★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini são autores reconhecidos pela crueldade de seus personagens e grandes reviravoltas nas narrativas. As mentes doentias por trás dos livros A Casa dos Pesadelos, O Escravo de Capela, Dança da Escuridão, Horror na Colina de Darrington, Quando ela desaparecer, O Casamento, Colega de Quarto, e da série As Crônicas dos Mortos, se uniram para criar versões perturbadoras sobre as tragédias que ocorreram em um terreno amaldiçoado, e convidaram o igualmente perverso Tiago Toy para se juntar na tarefa de despir os homicídios, acidentes e assombrações que permeiam um dos principais desastres brasileiros: o incêndio do edifício Joelma. O trágico acontecimento deixou quase 200 mortos e mais de 300 feridos, além de ganhar as manchetes da época e selar o local com uma aura de maldição. Esse fato até hoje ecoa em boatos fantasmagóricos que envolvem a presença de espíritos inquietos nos corredores do prédio e lendas sobre lamúrias vindas dos túmulos onde corpos carbonizados foram enterrados sem identificação. Algo que nem todos sabem, é que muito antes do Joelma arder em chamas no centro de São Paulo, o terreno já havia sido palco de um crime hediondo, no qual um homem matou a mãe e as irmãs e as enterrou no próprio jardim. Devido às recorrentes tragédias que marcaram o local, há quem diga que ele é assombrado por ter servido como pelourinho, onde escravos eram torturados e executados. E sua maldição já fora identificada pelos índios, que deram-lhe o nome de Anhangabaú: águas do mal. Se as histórias são verdadeiras não se sabe... A única certeza é que a região onde ocorreu o incêndio tornou-se uma mina inesgotável de mistérios. E, neste livro, alguns deles estão expostos à loucura de autores que buscaram uma explicação.

RESENHA PUBLICADA ORIGINALMENTE NO INSTAGRAM POBRE LEITORA


Vozes do Joelma traz 4 contos, todos passados senão no próprio Edifício Joelma, no local ou por causa dele.

O conto de Marcos DeBrito se passa em 1948, anos antes do edifício existir. Ele nos conta sobre Pablo, um homem capaz de qualquer coisa para ter paz com sua amada, mesmo que tenha que ir contra sua mãe e irmãs. O personagem é interessantíssimo, assim como sua luta para encobrir os rastros de um crime tão pavoroso. Apesar do ano em que se passa e de detalhes que remetem a época, senti que é uma história atemporal e adorei isso. Marcos escreve com maestria como sempre.

Rodrigo de Oliveira traz um conto desesperador do jeitinho que só ele sabe escrever. Esse já se passa no próprio edifício e dá um motivo para o grotesco acidente, acompanhando a personagem Samara. O autor mostra dois lados aterrorizantes: o sobrenatural e o lado humano. Eu amo o jeito como Rodrigo mesmo numa história tão curta e voltada para o acidente, consegue colocar como o homem pode ser tão vil, mais do que monstros. É um conto angustiante por conta da tragédia, o desespero dos personagens para fugir do fogo é palpável ao leitor. É excelente.

Marcus Barcelos é responsável pela terceira história, e também a mais apaixonante. Tem como fundo o acidente no edifício, mas se passa no Cemitério São Pedro, acompanhando o faz tudo Amilton. Apesar do terror presente com o acidente e com "almas penadas" (e o próprio ambiente, né?), pra mim esse foi o conto mais brando, mas também o que mais gostei. Impressionantemente o Marcus dá um final relativamente feliz (as vezes é quase impossível um final feliz com esses barbudos da Faro). O autor usa de um terror bem clássico e dá muito certo.
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Victor Bonini encerra com chave de ouro, numa narrativa bem dinâmica e um tanto diferente do que estou acostumada do autor. Se passa anos após o acidente, com o edifício tomado por famílias e narrado por Solange, uma senhora a primeira vista normal, mas com pensamentos e ações dignas de qualquer monstro. Me senti bastante ansiosa durante a leitura, é uma história com bastante ação e com um final curioso.

Tiago Toy aparece apresentando os contos, no papel de um ser sombrio que vai explicando o leitor como funciona a passagem dos mortos nesses casos, e como o mal "entra" nas pessoas, deixando bem claro que nós somos o verdadeiro problema. A edição da Faro está impecável como sempre. É um livro que considero perfeito, tanto pelo gênero como por ter juntado 4 autores maravilhosos num lugar só!


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