quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Resenha: Anjos da Morte - Eduardo Spohr

Título: Anjos da Morte 
Filhos do Éden , vol. 2
Autor: Eduardo Spohr
Editora: Verus
Ano: 2013
Páginas: 586
Sinopse: Quando o século XX raiou, o tecido da realidade, a barreira mística que separa os mundos físico e espiritual, adensou-se. Os novos meios de transporte, as ferrovias e os barcos a vapor levaram o progresso aos cantos mais distantes do globo, pervertendo os nódulos mágicos, apagando o poder dos velhos santuários, afastando os mortais da natureza divina.

Isolados no Sexto Céu, incapazes de enxergar a terra justamente pelo agravamento do tecido, a casta dos malakins, cuja função é estudar e catalogar os movimentos do cosmo, solicitou ao arcanjo Miguel a criação de uma brigada que descesse à Haled para pesquisar os avanços da civilização. O príncipe ofereceu o serviço dos exilados, que há milênios atuavam na sociedade terrestre, alheios às batalhas que se desenrolavam no paraíso.
Destacados, então, para servir sob as ordens dos malakins, esses exilados foram reorganizados sob a forma de um esquadrão de combate. Sua tarefa, a partir de agora, seria participar das guerras humanas, disfarçados de meros recrutas, para anotar as façanhas militares, as decisões de campanha, e depois relatá-las aos seus superiores celestes.
Esse esquadrão tomou parte em todos os conflitos do século XX, das sangrentas praias da Normandia ao colapso da União Soviética. Embora muitos não desejassem matar, era exatamente isso o que lhes foi ordenado, e o que infelizmente acabaram fazendo.
Em paralelo às aventuras de Denyel, que se desenrolam cronologicamente de 1944 a 1989, acompanhamos também, no tempo presente, a jornada de Kaira e Urakin em busca do amigo perdido, que caíra nas águas douradas do rio Oceanus, durante a destruição da ilha-fortaleza de Athea em Herdeiros de Atlântida. (retirada do Skoob)




Resenha livre de spoilers.

Continuando a história de Herdeiros de Atlântida, Anjos da Morte se definiu como meu preferido do Eduardo Spohr até o momento. É uma obra tão esplêndida que não sei por onde devo começar a falar. 
Denyel caiu nas águas do rio Oceanus e desde então está perdido, Kaira, mesmo contra as ordens de seu comandante supremo, resolve ir atrás do exilado a todos os custos. Urakin, que veio a se tornar um valoroso amigo da Centelha, acaba embarcando nessa missão também, junto com Ismael, um hashmalim que curiosamente faz parte das tropas rebeldes. Acompanharemos o trio em sua busca por Denyel, passando por diversos lugares para poder encontrar Egnias, uma das colônias de Atlântida. Ao mesmo tempo, acompanharemos a trajetória de Denyel como anjo da morte, num período de 1944 a 1989, quando prestava serviços a Sólon, o Primeiro dos Sete.

A trajetória de Denyel é longa, conturbada e extremamente interessante. Sendo um exilado, ele é convocado para integrar um esquadrão de anjos que teriam por missão tomar parte nos conflitos terrenos na própria Haled, acompanhando-os sem interferir, para que os Malakins, casta de anjos estudiosos, pudessem saber tudo o que acontecia em primeira mão. Depois de um tempo, infelizmente, as missões deixaram de ter a ver com nossas guerras e passarem a ter um caráter mais a ver com espionagem, tornando os anjos em assassinos. 
Nunca houve um alvorecer como aquele. E nunca mais haveria. São assim todas as alvoradas. Sempre diferentes, como uma tela pintada centenas de vezes, que a cada dia se renova, a cada amanhecer se refaz.

Podemos dizer que esse livro é todo focado no personagem Denyel. Aqui, vamos compreender o seu passado, o que ele era, o que aconteceu para que ele se tornasse o que é hoje, e devo dizer que é extremamente estimulante esta parte. Como agente na Haled, Denyel participa de diversas guerras como a Primeira e Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã e etc. Através dos olhos do personagem e de um pouco de fantasia, Eduardo Spohr nos da uma verdadeira aula de história, discorrendo sobre os lugares, sobre as batalhas, sobre as intenções e sobre as épocas. É notável como o autor pesquisou e estudou para escrever esse livro e esse é um dos fatores que tornam a obra tão brilhante. Para mim, que gosto muito de histórias de guerra, esse livro foi um elixir de alegria e êxtase, ainda mais por focar num personagem tão bom. 

Denyel é um querubim, um anjo guerreiro, movido pelos preceitos da sua casta que colocam a honra acima de tudo. Mas, com os anos passados entre os terrenos e sensível as sensações da carne, Denyel de certa forma, evolui. Ele passa a contestar as coisas, passa a refletir sobre a razão de tudo, passa a ter vícios, aprende a malícia e truques humanos. E acho que é justamente isso, essa caracterização tão humana dada a um anjo que me conquistou, que me fez amar o personagem. Já gostava dele no primeiro livro, mas neste volume, todo o amor se elevou. Suas dúvidas e dores, suas perdas, seu sarcasmo e ironia... tudo o tornam um personagem admirável mesmo com suas ações consideradas ruins. Até que ponto a alma de alguém pode ser destroçada? Denyel pode responder. 
- Não fique constrangido - as palavras não produziam nenhum efeito sonoro. Ecoavam diretamente no cérebro, em uma espécia de telepatia induzida. - Atire a primeira pedra quem nunca conversou com um bichinho - botou a língua para fora. - Meu nome é Zac. Zac, de Zacarias.

Deixando o exilado um pouco de lado, não podemos nos esquecer do coro formado por Kaira, Urakin e Ismael. É um trio muito bom e fico muito feliz com a amizade formada entre Kaira e Urakin, a lealdade do Punho de Deus é muito bonita. Ismael é um personagem muito interessante, principalmente por sua casta ser tão mal compreendida pelos outros anjos. Ele e Kaira protagonizam discussões interessantes e filosóficas, que fazem não só a Arconte pensar, como nós também. Eles tem um foco menor no livro, mas nem por isso esse ramo da história deixa de ser bom.

A narrativa de Spohr continua fantástica. Somos muito bem ambientados nas épocas e lugares. Um fato interessante, é que o autor utiliza muitas músicas para poder nos ligar com a época narrada. 
Digo e repito: a leitura não é coisa mais rápida do mundo. É um livro grande, com quase 600 páginas, uma história densa com muitas características a se processar, mas não deixe que isso te desanime! Por mais informações que nos sejam dadas, a leitura flui de uma maneira muito boa e você sempre quer mais e mais.
[...] Compreendeu, ao folhear uma revista Life, por que todo ser humano, cedo ou tarde, precisa morrer, e por que os anjos, em contrapartida, são criaturas perenes. Não há como deter o ciclo da vida, não existem meios de atrasar a roda do tempo, e, enquanto ela gira, os celestes continuam parados. Uma vez destinados à terra, os alados invariavelmente terminam como ele, torturados pela saudade, feridos pela nostalgia de uma era que eles, como imortais, nunca vivenciaram de fato.

O trabalho do livro continua impecável. Não há erros e a qualidade do livro é ótima. A capa tem muito a ver com a história e adoro-a. Ao final, temos um apêndice interessantíssimo onde o autor fala sobre alguns acontecimentos históricos que permeiam a história, além de trazer as músicas que se encontram no livro. 

Trago essa resenha hoje depois de uma releitura deste livro. Reli os dois primeiros volumes da trilogia para poder finalmente ler Paraíso Perdido, que é o último volume. E como já disse anteriormente, mesmo sabendo a maioria dos acontecimentos, não deixei de me surpreender. Por isso é tão interessante fazer a releitura de algum livro, você nota coisas que não havia notado, enxerga situações com outra visão, tira um proveito diferente da leitura e foi isso que aconteceu comigo. Se eu já gostava do livro antes, passei a ama-lo e admira-lo imensamente. É um dos meus preferidos da vida toda. Com esse livro, o Eduardo teve o poder de me ensinar, me fazer pensar, de me divertir e de me fazer chorar. Foi uma leitura maravilhosa, apenas. 
O mundo dos homens é um lugar de contrastes, e assim tem sido por milhares de anos. Por vezes ele se apresenta tão ou mais cruel que o próprio inferno, com sua natureza caótica e seus personagens grotescos. Outras, prova-se uma casa de esperança, repleta de amor e ternura, povoada por criaturas notáveis.

21 comentários:

  1. Oi Nath!

    Ai que vontade de te esganar! kkkkkk Como assim vc já leu e eu não? Aff... :'(

    Seguinte... EU QUERO ESSE LIVRO!!!! Buáaaa! kkkkkk

    Sobre a resenha, fiquei feliz em saber que este volume é mais focado em Denyel. Gostei demais deste personagem e quero muito saber mais sobre ele, já que no primeiro volume, temos apenas algumas dicas. Os demais personagens tbm são maravilhosos neh? Amo demais Urakin. Acho que nós somos muito parecidos, durões mas uma manteiga derretida por dentro! hehehehehe

    Parabéns pela resenha! Bjo bjo^^

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  2. Oi Nathalia, uau que sinopse incrivel amei lendo a sinopse e a sua resenha a temática do livro é bem o que eu gosto de ler o livro parece prender a gente do começo ao fim com certeza vou ler obrigada pela dica bjs.

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  3. Oiee ^^
    Fico feliz que você tenha gostado tanto desse livro ♥ Confesso que não tenho muita curiosidade de ler os livros do autor, porque eles não são bem o tipo de livro que eu costumo ler, sabe? Livros com anjos e coisas do tipo não são bem os meus favoritos... Maaass, um dia eu sei que vou ler :)
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  4. Oii Naath!! Uaaal! Que resenha! Adoreei! Eu qro mto ler o livro, li mtos comentários dle esses dias, tdos q já leram adoraram... Qro mto saber o decorrer desse história! Bjs!!

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  5. Que resenha completa! Gostei muito das suas impressões sobre o livro, mas confesso que me senti levando um tapa na cara (rs). Menina, ganhei a trilogia há dois anos (quase três), mas não consegui me organizar para ler os livros desse autor. Percebo por essa resenha que vale muito a pena conhecer essa guerra sobrenatural. O autor parece ter sido muito feliz no desenvolvimento dos personagens e dos acontecimentos. O fato de ser o segundo livro e ter tantas qualidades me anima, porque geralmente o livro do meio é meio paradão, não?

    Beijos!
    http://www.myqueenside.blogspot.com

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  6. Nath acho que já discutimos Spohr, tenho Batalha do Apocalipse em casa e sou doida para ler, mas sei bem o que você quer dizer quando diz que não é a leitura mais rápida do mundo, devido a esse fator eu comecei o livro várias vezes já e não consigo ir a diante por causa dos compromisso com o blog, mas nessas férias eu leio ou leio, sem desculpas. Quando a Filhos do Éden também tenho vontade de ler, mas não antes de completar a leitura de BP. Bom, pela sua resenha esse parece ser justamente o tipo de livro que eu iria adorar, como você bem sabe adoro livros históricos principalmente quando o autor se utiliza de fatos reais como parece ser o caso, mas volto na questão da falta de tempo, então não vou ler tão cedo, mas ainda está na lista!

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  7. Oi Nath,
    Pulei a sinopse, pois é enorme, fui direto para sua resenha. HAHAH. Você está maratonando os livros do Eduardo? Uma coisa que gosto dos livros do autor, além dos enredos, gosto das capas. Interessante que o autor realiza toda uma pesquisa para compor suas obras me interessa isso de ter na estória fatos ocorridos no mundo. Também gosto de fazer releituras. Beijos!

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  8. Florzinha ♥
    Eu não conhecia esse livro, e fiquei feliz pela sua resenha ser livre de spoilers (afinal, acabei ficando com vontade de ler o primeiro volume). Gosto de livros assim, que nos fazem viajar e vivenciar outras épocas e lugares. Pude perceber que o autor faz questão de detalhar tudo o que é vivenciado na trama, e que realmente houve um estudo bem bacana para que nenhuma ponta ou informação ficasse jogada no meio da história. Vou procurar mais sobre o primeiro volume ♥

    Beijinhos
    www.procurei-em-sonhos.com

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  9. A série parece continuar incrível, amo livros surpreendentes e que mexem com o leitor ^^ Abraços, amei sua resenha :)

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  10. Oi, Nath!
    Muitos foram os elogios que já vi serem direcionados à esse autor e admito que já tive muita curiosidade de conferir algo seu, por mais que a temática de anjos não me atraia muito. Bom saber que o autor desenvolveu bem o contexto histórico da trama; livros assim realmente acabam sendo mais que uma simples leitura, é quase uma aula mesmo, se bem planejados e desenvolvidos, o que parece ser bem o caso. Talvez repense melhor se dou uma chance a ele um dia ou não, porque no momento eu sinceramente não acho estar pronta para uma leitura de quase 600 páginas, tenho andado com um ritmo de leitura meio lento, então para evitar maiores empacamentos das leituras atuais, rs, fica para uma outra vez, mas parabéns por essa resenha maravilhosa! *--*
    Beijos!

    ♥ Sâmmy ♥
    ♥ SammySacional ♥

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  11. Oi Nath!

    Eu estava conversando com o meu marido sobre os livros do Eduardo, pois como te falei, ele está lendo o primeiro dessa série e assim como você, ele me disse que apesar de ser uma história densa, com bastante informações e tal, o autor consegue deixar tudo fluído e muito envolvente, nem preciso dizer que ele esta adorando não é? rs.

    Bem, é uma alegria saber que o segundo livro e tão bom quanto o primeiro, mas olha, fiquei surpresa com os tantos de páginas! Que coragem a sua de reler ambos para enfim saber o final! Ah não tenho tanta coragem, rs. Mas concordo, que ao reler, notamos coisas que muitas vezes passam despercebidas na primeira vez que lemos. :)

    Da Imaginação à Escrita

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  12. Você fala tão empolgadamente dos livros do Eduardo que eu me sinto envergonhada de nunca ter lido nada dele. :(
    Eu adoro histórias de anjos, e pelo que percebi, a trama do autor desenvolve isso muito profundamente, o que eu adorei saber!
    600 páginas me desanimam um pouco para ler, não gosto de livros grandes, mas vendo você falar tão bem da leitura me faz tomar coragem, vou tentar ler ainda esse ano pelo menos o primeiro livro.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  13. Nossa, depois dessa resenha preciso ler essa trilogia urgentemente! Nem ligo pelo fato de ter quase 600 páginas, pois se for realmente bom não tem problema! Espero que consiga ler logo.

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  14. Sério que o livro é tudo isso? Não imaginava que era tão bom desta maneira!!
    Faz um tempo que não leio nada deste gênero, mas ja pude notar que o livro tem uma trama bem elaborada, espero poder ler esse ano pelo menos o primeiro livro!

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  15. Oi, já ouvi falar muito do Spohr, até tinha interesse em ler seus livros, mas depois que um colega meu falou muuuito mal de A Batalha do Apocalipse, desanimei. Sua resenha reacendeu essa minha curiosidade.
    Adoro livros com descrições históricas, bons diálogos (discussões filosóficas? os diálogos devem ser muito bons).

    parado-na-estante.blogspot.com.br
    facebook.com/paradonaestante

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  16. Tenho uma admiração infindável por autores que se entregam tanto a seu trabalho que se dedicam a pesquisar sobre diversos fatores da história humana, que trazem com um pouco de fantasia para a sua narrativa. Esse livro, em particular, me desperta uma curiosidade genuína, principalmente por mostrar a origem e a personalidade de um personagem tão interessante e importante na série de livros.

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  17. Fiquei feliz que sua resenha não contém spoilers, já que ainda não li o primeiro livro dessa trilogia, e confesso que fiquei ainda mais curiosa, principalmente por você ter o favoritado. Adorei o fato do autor ter colocado músicas, acho que pequenas coisas como essa deixa a leitura mais dinâmica. beijos!

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  18. Oi!
    Gostei muito do primeiro livro da serie e com esse não foi diferente a historia pareceu ser bem interessante e ainda melhor que o primeiro livro o que me deixou muito animada em ler pois o autor consegue manter a qualidade e fiquei muito curiosa para conhecer a escrita do Eduardo Spohr depois de ler essa resenha !!

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  19. Oi!

    Eu li o Herdeiros de Atlantida e gostei bastante, mas não consigo achar tudo isso que vcs falam. Tipo, é bom, mas eu nunca marcaria como favorito :(
    Isso me deixa um pouco frustrada, né,,, mas hahaha

    Bem, é legal saber que o livro não perdeu a qualidade hehehe

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  20. Eu amei a resenha, porém fiquei um pouco perdida, o primeiro livro dessa série estar na minha lista a séculos, porém não tinha percebido que era mais de um livro, agora restou aquela dúvida cruel ler ou não ler, mas acho que com certeza vou dar uma chance, amo o gênero e espero me surpreender.

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